Lado K

Aquele lado do Karamba, do Kct e "K"etc., que assim como vocês, eu também tenho.

quarta-feira, março 22, 2006

.:: TUDO ACONTECE EM RUNAWAYTOWN ::. Capítulo 15 – Despedida

Não tive do que me queixar naquela segunda-feira. Paguei as contas, arrumei as malas e devolvi a scooter. Ia para o aeroporto de táxi, mas Orlando ligou dizendo que iria me levar. Mas mesmo com tudo dando certo, eu me sentia perturbada, e além de perturbada, doente. A temperatura de 12 graus, muito comum no inverno, parecia exageradamente gelada. Pela tarde, deitei no sofá e me enrolei com dois edredons, dentes rangendo, Melissa do meu lado, conjeturando:
- Criança, se você não estiver com febre, deve estar maluca. Não está tão frio assim!... Não. Você não ia enlouquecer em um período de férias. Já sei. Acho que é o Jim... Não! É o Orlando! Não é, não é? Ééé! Que fria... Eu desconfiava!!
Uma lágrima teimosa escorreu pelo meu rosto. Melissa podia saber... Ela me entendia. Mas não abri a boca, afinal, só de saber que eu e Orlando estávamos "interessados" um no outro já era demais.
Mais tarde, tomei um chá com pão de queijo e fui dormir. Acordei diversas vezes durante a noite, sobressaltada. E amanheci completamente melancólica.
Às onze e meia da manhã, a campainha tocou. Era Orli que, já conhecido do porteiro, subiu sem ser anunciado. Ele trouxe DVDs autografados para Melissa e para mim, e eu retribuí os presentes com um pequeno pingente de safira azul. Fechei o apartamento, descemos, nos despedimos do porteiro e arrumamos a bagagem na caminhonete. Logo em seguida, partimos sentido sudoeste.
O Aeroporto Internacional de Los Angeles era perto, e chegamos com um bom tempo de antecedência. O vôo sairia à uma e dez da tarde, e meio dia e vinte já estávamos sentados nas poltronas de um canto da plataforma onde poucos poderiam nos reconhecer, e principalmente a Orli, que estava com uma discreta touquinha de lã. Logo, Melissa se afastou para despachar as bagagens, nos deixando sozinhos. Orli pegou minha mão e ficamos por minutos nos olhando, calados. Ele só reagiu quando tentou conter sua comoção vendo uma lágrima descer pelo meu rosto.
- Não chore, querida. Tudo ficará bem.
- É, eu sei... Odeio despedidas...
Orlando tentou me distrair então, me dando alguns conselhos sobre a minha carreira. O tempo logo passou e os alto-falantes já anunciavam a primeira chamada para o nosso vôo. Melissa voltou e nos encaminhamos para o embarque.
- Foi um prazer conhecê-lo, Orli – disse Melissa – Obrigada pelos presentes e parabéns por ser tão gentil e tão brilhante. Esperarei notícias suas.
- O prazer foi todo meu, senhorita Mel Barrimore. Você é uma garota muito amável. Não vou esquecer de contar ao Chris sobre você. E certamente ouvirá sobre mim em breve.
Eles se abraçaram e Melissa sumiu pelo corredor, nos deixando novamente sozinhos. Orlando me abraçou forte e sussurrou no meu ouvido:
- Oh meu amor... Me perdoe por tudo! Obrigada por aparecer na minha vida... Você sabe o quanto eu te adoro. Nunca vou esquecê-la, e espero que nossa amizade continue independente do que aconteça. Te desejo boa sorte em Nashville, mesmo que isso signifique que eu nunca mais possa beijá-la. Se eu não tiver coragem de te ligar até domingo, me mande um e-mail... Voltarei para as Bahamas amanhã à noite.
- Orli, meu querido... Você é maravilhoso! Quero também que seja feliz, saiba que você significa muito para mim, gosto demais de você. Nem sei o que dizer... Mas se precisar de uma amiga pode contar comigo, eu prometo.
Levantei um pouco a aba da touca de Orlando e o beijei na testa. Nossos olhos se encontraram por um instante, e nossos lábios se tocaram pela última vez. A última chamada para o vôo ecoou na plataforma e nos afastamos, olhos marejados de lágrimas. Fui andando e quando olhei, Orli acenou para mim.
Entrei no avião, sentei e fechei os olhos. Não quis ver Los Angeles ficando para trás.

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