Lado K

Aquele lado do Karamba, do Kct e "K"etc., que assim como vocês, eu também tenho.

domingo, outubro 30, 2005

Irrealidade (?)

Sozinha no quarto, esperando que a luz surja da escuridão e procurando uma razão que não existe em seu mundo insano. A loucura parece invadí-la, nada é como parece. Amigos distantes, nenhum corpo presente para alentá-la. A vida que pulsa fraca em suas veias prepara-se para distraí-la com um filme de sua própria imaginação.
Tudo começa com o mundo real, mas este se distorce a ponto de fazê-la não sentir-se mais dentro de sua figura humana, apenas um espírito de algo qualquer vendo a si mesmo em sua frente. A divagação parece levá-la a um lugar que nunca viu, mas que sabe ser real. Pessoas que nunca viu, mas existem. Alguém que nunca conheceu, mas que faz tremer sua alma. Quando ele se aproxima, ela acorda.
Ajoelhada ao pé da cama, suas lágrimas correm fartas e a vida parece ressurgir em meio a tortura da solidão. O amanhã surge esperançoso, como uma taça de vinho em seu paladar ávido. A realidade é seu sonho, e seu sonho, sua realidade. Seu melhor sonho é sonhar acordada, olhando o girar dos ponteiros de seu pequeno relógio e esperando que sonho e realidade se fundam e ela se torne no alguém que sonha ser, situada no cenário real que sempre sonhou. Talvez seja essa a explicação inexplicável do hoje.

(18/12/2003)

sexta-feira, outubro 21, 2005

Você É O Que Você Veste?

E não me venha com o papo de que você não repara nos outros. Se encosta um ser humano meio “estranho”, você não fica com medo? Ahã! Somos todos preconceituosos, muito embora precisamos estar sempre de antenas ligadas, afinal, a violência está aí e precisamos nos manter a (no mínimo) vinte metros de distância de qualquer suspeito. Ele piscou o olho, a gente corre.
Mas se a cena se restringisse a apenas uma ou outra suspeita na rua, tudo bem. O duro é ouvir aquela história que um senhor entrou na loja de eletrodomésticos mal vestido e de chinelos nos pés. Nem sequer foi atendido, e quando procurou um vendedor para saber o preço de uma televisão, este o maltratou questionando sua situação financeira. Bem, o "pobre" homem simplesmente se dirigiu ao gerente, pediu a TV e retirou um calhamaço de dinheiro do bolso. Pagou à vista. E o vendedor, com cara de pamonha azeda, deve ter levado no mínimo uma advertência do chefinho, ou quem sabe foi demitido e processado. É...
Sabe que as vezes eu acordo com vontade de ficar o dia todo largadona, deitada no chão da sala, de pijamas, ouvindo rock e planejando minha futura casa? Mas eu tenho de sair para trabalhar, como todos nessa arena capitalista. Abro o guarda roupa e visto o primeiro farrapo sem defeitos visíveis que encontro. Para que se arrumar hoje? Só me arrumo em ocasiões especiais, em alguns dias de inverno ou quando eu estou mais feliz do que de costume. Para que glamour na rotina? Abro a porta e saio. E parece que continuo de pijamas.
Tenho a impressão de que para algumas pessoas, é obrigação ostentar um colar de pérolas ou um prendedor de gravatas dourado todos os dias. Claro que estou falando dos que não precisam se trajar a rigor de segunda a sexta. Estes constituem a nata do preconceito na sociedade, e nós outros herdamos o reflexo deles. E sou prova de que estou falando com razão: Quando me arrumo pra ir a algum lugar, sempre escuto um "oi, gatinha", as crianças olham boquiabertas, as colegas elogiam. No dia que eu estou "fuleira", sou um zero à esquerda. Acho que vou virar criminosa: na hora do crime eu vou toda largada, aí depois eu vou para casa, me arrumo e quando eu voltar à rua novamente, não serei mais reconhecida. Posso adotar várias identidades no submundo do mal vestir. Interessante.
Não estou fazendo qualquer apologia ao "fuleirismo" ou me esquivando de acusações por “preconceito indumentário”. Primeiramente estou aqui para reconhecer que em algum dia da minha vida também já olhei torto para algum colega mal vestido, e não foi bacana. Em contrapartida, eu sei que não é legal andar “esfarrapada” por aí, mas se Adão e Eva vestiam aventais de folhas de figueira e hoje eu estou aqui de jeans e camiseta, estou melhor do que eles. Não quero que me julguem pela minha roupa. Não tenho dinheiro para comprar roupas todos os dias e nem sempre visto o que gosto. Eu definitivamente não sou sempre o que visto! Eu sou toda e completamente eu mesma na hora do meu banho, and that's all. E digo que estou bela todos os dias.
Tem gente que se arruma pra ganhar emprego, tem gente que se arruma pra atrair namorado, tem gente que se arruma para parecer rica. Eu me arrumo quando eu quero. Se o meu chefe acha ruim ou se os meus vizinhos me acham pobre, azar o deles. Quanto ao namorado, noivo ou marido, ele vai chegar sem precisar que eu me arrume para isso. Quando eu estiver chique, claro que ele vai gostar e elogiar, mas quando eu estiver com aquele vestidinho velho meio amassado, bem, pode ser uma deixa para ele me despir com mais facilidade...

quinta-feira, outubro 13, 2005

Melhores Coisas da Semana

  • Acordar bem disposta
  • Não sentir calor nem frio
  • Beijo virtual
  • Torpedo de alguém distante
  • Torpedo de alguém próximo
  • Rir da vida
  • Rir a toa
  • Rir muito
  • Zoar na aula
  • Um abraço
  • Trocar informações por olhar
  • Banho frio no calor
  • Milk shake
  • Cinema
  • Dormir tarde
  • Dormir cedo
  • Ver DVD musical
  • MSN Messenger
  • Telefone
  • Ouvir a banda favorita no rádio
  • Compor música
  • Sonhar...

... e hoje ainda é quinta-feira.

quarta-feira, outubro 05, 2005

... E Eu Sobrevivi!! (Parte III - Final)

E tudo explodiu! Palavras, reações e lágrimas. Não foi fácil admitir que não estava cumprindo algo que prometi: Eu não queria ser mais um problema para quem já tinha tantos! As coisas haviam passado dos limites da minha razão e minha tentativa de controlá-las simplesmente perturbava minha consciência.

Foi então que vi os papéis se reverterem: o mocinho de repente virou o herói. Me fez ter certeza de que a decisão da minha razão estava correta pelos mesmos fatores para os quais alguém já me chamara a atenção anteriormente, quando respirei fundo e senti meu coração ameaçar parar por um segundo. Mas agora eu era a mocinha... minhas lágrimas sendo enxugadas pelo meu novo herói. O toque de suas mãos me transmitiu uma nova energia e pude ouvir a voz divina através de suas palavras. Vi o mundo se abrir como um roteiro de viagem diante dos meus olhos, de novo... esta cidade voltou a ser pequena para mim. A melhor coisa do mundo é voltar a ter consciência de si mesmo, e retornei a esse estado em minutos. Voltei ao topo do precipício, virei as costas e saí andando.

Recomecei de salto alto. O Criador me fez muito sortuda, embora teimosa às vezes, e talvez se tivesse passado alguns dias em coma induzido talvez não pudesse contar essa história com detalhes. Sim, detalhes, muito embora ela continue meio obscura para alguns de vocês. Mas o que posso dizer é que sobrevivi, e estou feliz por tudo, tudo mesmo. Continuo a tentar salvar o mocinho, pretendendo apenas ser simplesmente alguém com quem ele pode contar. Tento salvá-lo agora com minha razão, meu sorriso, minha prece, meu abraço e meu conselho, afinal, meu grande amigo não merece sofrer sozinho. Para falar a verdade, ele até merece uma música... eu já a escolhi, e faço questão de gravá-la assim que puder. Todos os momentos da minha vida merecem ser celebrados, e este merece ser lembrado para sempre... mesmo que alguns insistam em dizer que o sempre talvez não exista.