>> Amante Por Acidente << Parte 02 - Eu, Ele... e Ela
Ele sempre se mostrou bastante interessado na minha vida. Perguntava sobre a minha rotina, a minha vida, a minha família e o meu estilo de vida. Queria ir à minha casa, queria que eu viajasse com ele. E eu achava que era cedo demais, que haveria de ter algo muito mais concreto no relacionamento. Fui enrolando o rapaz e ao mesmo tempo tentando conhecê-lo melhor. Descobri suas manias boas e ruins, fui me acostumando com o penteado e o cheiro diferente dos seus cabelos, com a rigidez de sua pele, com seus vícios, com suas meias rasgadas, com a cueca aparecendo e com a bagunça do seu quarto. O seu bom coração, o bom humor, o prazer de ajudar as pessoas, o calor de seus braços fortes me faziam pensar que afinal no meu mundo pequeno eu parecia ter encontrado um bom partido para estar comigo por um longo período. E segui procurando equilibrar os defeitos com as qualidades. Um dia falamos sobre isso, e a impressão que eu tive foi de ter mais qualidades do que ele. Mas pensei que as mulheres são mesmo assim, mais românticas e zelosas pelo bom caráter e pelos bons costumes, enquanto os homens, apesar de buscarem ser bons, curtem a vida adoidado pra depois tomar um rumo.
Se eu não estava feliz, eu estava torcendo para isso, pois acreditava que as melhores coisas da vida não se conseguem com facilidade. Os conselhos que eu recebia diziam que a situação era contrária ao cultivo de um relacionamento saudável e feliz, mas eu queria que o tempo me mostrasse se valia mesmo a pena, ou eu iria descobrir por mim mesma. A primeira surpresa veio duas semanas depois. Estávamos nos preparando para o final de semana, conversando em um estacionamento quando ele recebeu um telefonema. A voz feminina do outro lado dizia que estava indo de encontro a ele. Atônito, ele pediu que eu escapasse de alguma forma. Estranhei, pensei mil coisas em um segundo mas não queria me arriscar. Saí e não quis ver o resto.
No dia seguinte, acordei meio chateada, mas curiosa para tirar a história a limpo. Então, nós saímos para almoçar juntos, pela primeira vez. Enquanto éramos servidos, ele me pediu desculpas pelo que havia acontecido, e eu aproveitei para questioná-lo. Afinal de contas, por que a ex-namorada dele ainda o perseguia? Quando ele disse que havia "pedido um tempo" para ela, compreendi uma parte da história. Ele não havia dito adeus, e ela também não. Então, pensei, eu era a amante.
Mas ele se esforçou para que eu não me sentisse assim. Disse que, como a ex era muito ciumenta e eles tiveram mais de dois anos de namoro, então ele não queria aparecer com outra pessoa pouco tempo depois de terminar para não magoá-la. Era difícil acreditar, mas ele tentava me convencer. Então, se eu fosse mesmo a amante, pensei que eu ia me divertir bastante, mas eu também poderia sofrer se eu me apaixonasse. Mas se ele realmente quisesse se livrar da outra, logo ele teria de se decidir entre eu e ela. Mas só tinhamos um mês de relacionamento, e eu não queria pressioná-lo tão cedo. Mas sabia que a partir dali a vida talvez não iria ser mais a mesma.